sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A dor do outro

"Dia desses, no estacionamento, eu caminhava para meu carro com os olhos passeando distraidamente por um ou outro veículo quando estanquei. Sentada num deles, celular no ouvido, uma moça chorava. Rosto consternado, ombros sacudidos pelo pranto.
Sofria tanto que sequer se deu conta de eu ter entrado em meu veículo, estacionado frente a frente com o dela, e tentando, durante instantes, adivinhar sua dor, se justificava tantas lágrimas. Manobrei e tomei o rumo de casa, pensando nesse estranho instinto que temos de saber o porquê da angústia alheia e ainda definir se ela é legítima ou não. 
Tomemos cuidado com esses levianos julgamentos, pois a adversidade que para você tem a importância de um grão, para mim pode parecer intransponível - e vice-versa. Venho procurando exercitar essa compreensão; tendo a achar que as pessoas gostam de sofrer por pouco e isso me deixa impaciente com elas, sabe? Só que elas podem fazer o mesmo comigo, deixando-me sozinha nas minhas lamentações. E esse abandono mútuo, sim, é que seria a mais penosa das tristezas..."

Lana Bitu


 

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